quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Parafuso é a colectividade mais antiga em actividade no Entroncamento



Grupo Recreativo 1º de Outubro de 1911 nasceu e cresceu ao ritmo da cidade O Parafuso é a colectividade mais antiga em actividade no Entroncamento

O Grupo Recreativo 1º de Outubro de 1911 comemorou recentemente o seu nonagésimo oitavo aniversário. Tem mais de quatrocentos sócios e movimenta mais de meia centena de atletas nas modalidades de judo e taekwondo.

Corria o ano de 1911, o Entroncamento era um lugar dividido por duas freguesias, uma do concelho de Torres Novas e outra do concelho de Vila Nova da Barquinha, quando um grupo de jovens se propôs criar uma colectividade cultural e recreativa. No lugar já existia uma colectividade voltada para o desporto. Era o agora encerrado 11 Unidos. O registo da colectividade foi feito em 1 de Outubro de 1911. Daí o nome de Grupo Recreativo 1º de Outubro de 1911.
Mais tarde já na década de oitenta, foi acrescentado ao nome de Grupo Recrea-tivo 1º de Outubro de 1911 o Parafuso. Esta renomeação surgiu precisamente do teatro. “Quando era necessário fazer a montagem dos cenários, era normal surgirem vozes a dizer ‘passa aí o parafuso’, e foi daí que surgiu a ideia de acrescentar o Parafuso ao nome da colectividade, pegou e hoje é o nome porque a colectividade é mais conhecida”, garante Manuel Morgado, o actual presidente da colectividade.
A popular colectividade teve então um papel fundamental no desenvolvimento da cultura e recreação do lugar que entretanto cresceu e hoje é a cidade do Entroncamento. Teatro, música e bailes de gala foram uma constante e merecem destaque na história da associação e do Entroncamento. “No século passado o Grupo Recreativo 1º de Outubro de 1911 marcou e uniu a crescente população do Entroncamento”, diz o presidente.
Manuel Morgado é dirigente da colectividade desde 1990, está por isso bastante identificado com o seu funcionamento. “Nunca, ao longo destes 98 anos a colectividade fechou portas ou deixou de ter actividade”, garantiu.
Entretanto os dirigentes de o Parafuso sentiram a necessidade de avançar para a parte desportiva, e a colectividade desenvolveu as modalidades de basquetebol, futebol de salão e em 1973 avançou com a modalidade que ainda hoje é o seu grande ex-libris, o Judo.
A modalidade cresceu e afirmou-se no clube. “Tivemos um período de grande expansão, tivemos vários campeões distritais e nacionais. Nos últimos anos as coisas pararam um pouco. Deixámos a competição, nunca abdicámos da formação e agora já estamos a voltar aos bons velhos tempos. Temos alguns jovens de grande valor”, referiu Manuel Morgado.
A pesca desportiva é outra modalidade em expansão no clube. “Esta época foi muito boa para a modalidade, os nosso pescadores que competem a expensas próprias, conseguiram subir à Primeira Divisão Regional. É uma proeza que enche de orgulho esta colectividade”, garante o presidente.
Entretanto por iniciativa do professor foi introduzida a modalidade de taekwondo, que está a ser um êxito, quer no crescimento do número de atletas, quer nos resultados obtidos. “Estamos plenamente satisfeitos com o desenvolvimento desta modalidade”, garante Manuel Morgado.
No dia em que O MIRANTE esteve no Entroncamento para elaborar este trabalho e dar a conhecer a colectividade, estavam a treinar no salão de treinos de judo quatro pequenos judocas, o mestre incentivava-os a desenvolver os seus reflexos. E eles correspondiam.
Todos os atletas têm que ser obrigatoriamente sócios. “Antes de se inscreverem em qualquer modalidade têm que se inscrever como sócios, só assim é possível manter a colectividade aberta”, garante o presidente, acrescentando que assim têm sócios com idades entre os três e os oitenta anos.
Modificações na sede
e reorganização do clube

O Parafuso é proprietário de uma sede com excelentes condições. “Esta sede é fruto do trabalho de muitos sócios ilustres, foram eles que lutaram pela compra do terreno onde ela foi construída e assim puderam fazer o acordo com o construtor do prédio, bem no centro da cidade, para ficarem com este importante património”.
Há ano e meio Manuel Morgado foi empossado para um novo mandato de dois anos. Orgulhoso dos 98 anos de história da colectividade e do seu do trabalho feito até agora, o dirigente salienta que gostava de poder ter mais e melhores condições financeiras para poder proporcionar aos atletas mais alegrias.
Manuel Morgado, que com a ajuda dos seus companheiros de direcção está a levar a cabo uma profunda reorganização do clube, revela que a exemplo do que se passava um pouco na maioria das colectividades, o Parafuso também vivia um pouco com gestão à vista. “Foi necessário reorganizar a escrita, as contas passaram a ser feitas dentro da lei, não tem sido um trabalho fácil, mas a boa vontade dos directores mais directamente ligados a essa parte, possibilitou que neste momento as coisas estejam praticamente organizadas”, disse.
Por outro lado também foi necessário fazer algumas modificações na sede. “Tivemos a visita da ASAE e foi-nos imposta a obrigatoriedade de fazer algumas obras, que nos levaram a fazer despesas para que não estavamos preparados”.
Apesar de tudo, Manuel Morgado garante que se os sócios admitirem, vai assumir a presidência até ao final de 2013. “Gostava e já estou a preparar a comemoração do centenário do clube, que queremos seja marcante na vida da colectividade”.
Estatuto de Utilidade Pública ficou na gaveta
Apesar de ter quase um século de vida dedicado à juventude e população do Entroncamento, o Parafuso não tem o Estatuto de Utilidade Pública, e agora, segundo Manuel Morgado é muito difícil vir a conseguir chegar até lá. “Vamos lutar pelo Estatuto de Utilidade Administrativa”.
Segundo Manuel Morgado, a utilidade pública esteve muito perto da colectividade no ano de 2000. “Chegámos a ter a documentação praticamente toda em ordem, faltavam apenas dois documentos. Mas a direcção que trabalhou para isso, perdeu as eleições. E a que entrou meteu os documentos na gaveta e todo o trabalho foi por água abaixo. Agora tudo é mais difícil e vamos ter que optar pela conquista do Estatuto de Utilidade Administrativa, que é menos atractivo mas mais fácil de conseguir”.

FONTE (imagem incluída): O Mirante

Um comentário:

Vítor Fernandes disse...

Li com muita atenção sobre o "parafuso" mas sempre pensei que este nome derivava de um grupo que tinhamos em Angola, na altura da guerra.
Éramos conhecidos pelos "parafusos" quando em grupo, apareciamos em Luanda em gozo de descanso, ou quando, alguma vezes, havia missões conjuntas das duas forças.
Refiro-me aos Páraquedistas, tropa que servi e aos Fuzileiros.
Ambas, éramos os parafusos. Muito temidos, diga-se.

Vítor Fernandes
Mestre de Judo no JCLisboa

mestrejigorokano.blogspot.com